A deusa da noite.

Quando o anoitecer rapidamente escurecia os céus e a noite descia sobre a vida em Lourenço Marques, a Pérola do Índico, qual deusa multifacetada, transformava-se.

A Avenida da República no cruzamento com a Avenida D. Luís, na esquina o Café Pastelaria Continental, à direita.

A Cidade produzia-se para fascinar, como que punha diamantes de luz matizada, à medida que, em minutos, um após outro, os neons se acendiam!

O extase de uma perspectiva da Avenida da República próxima do seu início oriental, perto dos terrenos da FACIM.

Era então que, como por magia, tudo mudava de significado naquele ambiente cativante e sedutor da Cidade noturna, paradoxalmente directa e afável, por vezes ingénua até, para ao mesmo tempo se mostrar misteriosa e plena de sensualidade.

A Avenida D. Luís, majestosa em toda a sua extensão até à Praça Mouzinho de Albuquerque, o Prédio Lusitania, o Prédio TAP-Montepio. A mancha verde escura do lado direito é o Jardim Vasco da Gama.

Nesta disposição peculiar após o final do horário diurno, os laurentinos e os forasteiros em visita mudavam de atitude e de roupagem, em sincronia com a escuridão, iluminada por modernos candeeiros de rua e por reclames luminosos de variadas cores, que sobre eles exercia um efeito de atracção sem apelo.

Na esquina o prédio do Hotel Tivoli, onde ao nível do passeio no rés-do-chão estava o Restaurante Djambu com a sua esplanada. Esta é a parte oriental da Avenida da República, a Rua Joaquim Lapa é a paralela da esquerda, a perpendicular é a Rua da Imprensa.

Enfeitiçados ainda em casa, indo pelos passeios a pé ou circulando pelas artérias nos automóveis (ou nos machimbombos), os laurentinos respondiam à caleidoscópica variedade de impulsos com origem na gente noctívaga ou nas montras a poucos metros.

A noite na Avenida da República junto ao BNU.

E iam aos restaurantes jantar para depois frequentarem um dancing ou assistirem a uma sessão de cinema ou teatro, ou apressavam-se para chegar a tempo dos jogos em pavilhões desportivos, ou deslocavam-se determinados para os seus compromissos em clubes e associações, ou até simplesmente saiam para passar o serão em casa de amigos.

Uma vista noturna sobre Lourenço Marques, que alcança ao fundo luzes da Matola, uma foto obtida em 1973 por Nuno Pires do cimo de um prédio de 12 andares situado junto ao cruzamento da Avenida 24 de Julho com a Avenida Manuel de Arriaga.

Enquanto outros ainda, à procura do prazer, se dirigiam para a Baixa em demanda da Rua Araújo!

Aspecto da noite na Rua Major Araújo.

Fonte das fotos: Delagoa Bay.

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