Quando o anoitecer rapidamente escurecia os céus e a noite descia sobre a vida em Lourenço Marques, a Pérola do Índico, qual deusa multifacetada, transformava-se.

A Cidade produzia-se para fascinar, como que punha diamantes de luz matizada, à medida que, em minutos, um após outro, os neons se acendiam!

Era então que, como por magia, tudo mudava de significado naquele ambiente cativante e sedutor da Cidade noturna, paradoxalmente directa e afável, por vezes ingénua até, para ao mesmo tempo se mostrar misteriosa e plena de sensualidade.

Nesta disposição peculiar após o final do horário diurno, os laurentinos e os forasteiros em visita mudavam de atitude e de roupagem, em sincronia com a escuridão, iluminada por modernos candeeiros de rua e por reclames luminosos de variadas cores, que sobre eles exercia um efeito de atracção sem apelo.

Enfeitiçados ainda em casa, indo pelos passeios a pé ou circulando pelas artérias nos automóveis (ou nos machimbombos), os laurentinos respondiam à caleidoscópica variedade de impulsos com origem na gente noctívaga ou nas montras a poucos metros.

E iam aos restaurantes jantar para depois frequentarem um dancing ou assistirem a uma sessão de cinema ou teatro, ou apressavam-se para chegar a tempo dos jogos em pavilhões desportivos, ou deslocavam-se determinados para os seus compromissos em clubes e associações, ou até simplesmente saiam para passar o serão em casa de amigos.

Enquanto outros ainda, à procura do prazer, se dirigiam para a Baixa em demanda da Rua Araújo!

Fonte das fotos: Delagoa Bay.


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